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Python pode ser utilizado em blockchain?

A tecnologia Blockchain pode ser definida como um registro de consenso distribuído que apresenta uma impressão digital específica. Atualmente, essa inovação já está sendo utilizada por grandes bancos e instituições do setor financeiro que buscam um sistema mais robusto, seguro à companhia e aos clientes e capaz de impedir o ataque de invasores. A tecnologia foi considerada promissora em decorrência de sua função de armazenamento de informações com elevada segurança, confiabilidade e rastreabilidade.

Com isso, após ganhar notoriedade em 2008 com o advento da criação do Bitcoin, reconhecido como o “ouro digital” e utilizado como reserva de valor pelos investidores, a Blockchain tem sido amplamente considerada como alternativa para o cumprimento de diferentes aplicações, incluindo a realização de transações financeiras de forma anônima, transparente, instantânea e auditável.

Apesar do elevado nível de acurácia e confiabilidade, o funcionamento básico da Blockchain é considerado simples e de fácil implementação pelos programadores e usuários da rede. Atualmente, a tecnologia Blockchain é utilizada como estratégia de segurança por diferentes empresas e instituições. Por tal razão, os cientistas de dados têm explorado diferentes linguagens de programação com foco na rede, com destaque para a C++, Java, JavaScript, Go e Solidity. De fato, aos usuários que desejam desenvolver uma rede Blockchain, é necessário escolher a linguagem de programação mais apropriada de acordo com as funcionalidades de cada uma.

python em blockchain

Diante do contexto exposto, o Python é evidenciado como uma linguagem já popularizada e difundida no mundo todo, sendo uma opção viável ao desenvolvimento de uma rede Blockchain básica. A linguagem foi criada pelo programador Guido van Rossum, em 1991, com o intuito de auxiliar no desenvolvimento de programas e sistemas complexos. Apesar de ser utilizado em uma ampla variedade e complexidade de funções, o Python é caracterizado como uma linguagem de código aberto, minimalista, de fácil leitura e interpretação.

Considerando seu diferencial e suas vantagens de uso, o Python tem sido cada vez mais explorado para a implementação da rede Blockchain. Além de sua funcionalidade simples, a linguagem é capaz de garantir uma infraestrutura criptográfica completa e altamente segura. De acordo com os programadores, a escolha da linguagem de programação é de fundamental importância e deve priorizar a segurança, uma vez que qualquer tipo de inconsistência ou vulnerabilidade na rede pode representar um evento desastroso e impedir sua escalabilidade. Da mesma forma que a linguagem Python inspirou o desenvolvimento de frameworks de computação numérica como o TensorFlow, é possível que, futuramente, o Python inspire novas linguagens adaptadas para programação de sistemas descentralizados.

Para desenvolver uma rede Blockchain a partir do uso do Python, a primeira etapa é compreender o funcionamento e a importância de uma função hash. Essa função é responsável por receber determinada quantidade de dados, seja um arquivo em texto, uma sequência de informações ou uma sequência de bytes, e realizar o seu processamento. Com isso, após a inserção de todos os caracteres e leitura, uma saída de tamanho fixo é produzida, a qual pode ser representada matematicamente pela função hash(x) = y.

No entanto, uma plataforma Blockchain costuma ser de uso público, ou seja, qualquer usuário pode acessar o código, e mantê-la com essa característica não é tarefa fácil. Isso implica que a rede deve ser construída a partir de um sistema robusto, capaz de permitir o expressivo volume de solicitações a cada instante, e requer ainda que ela não apresente qualquer tipo de vulnerabilidade, exigindo que seja desenvolvida à prova de falhas com o intuito de impedir a invasão de hackers. A primeira rede construída com esse propósito foi a Ethereum, porém atualmente a rede tem enfrentado diversos problemas de escalabilidade e permite apenas o desenvolvimento de projetos utilizando a linguagem Solidity.

A fim de exemplificar o funcionamento do Python na tecnologia Blockchain, pode-se afirmar que uma única modificação em um caractere gera um resultado completamente diferente do dado original, ou seja, a função hash aponta a alteração de qualquer dado do bloco, independente do tamanho da variável de entrada. Na prática, isso significa que toda a corrente de blocos pode se tornar inválida. Nesse caso, de acordo com as regras de programação, nenhum cientista de dados ou usuário é capaz de alterar ou acrescentar novos blocos de informação de forma livre, sem ao menos realizar o processamento do dado. A função descrita, portanto, é responsável por garantir um dos princípios básicos da Blockchain, a imutabilidade, já que uma vez inserido um dado na cadeia, não é permitida sua alteração.

Visando promover uma melhor automação da rede Blockchain, o Python permite ainda o desenvolvimento de contratos inteligentes de alto nível. Esses contratos são definidos como programas executados em dispositivos ou máquinas virtuais, os quais contêm informações armazenadas na cadeia de blocos. De acordo com as regras estabelecidas e as condições predeterminadas nos contratos inteligentes, o usuário é capaz de realizar diferentes tarefas, como transações financeiras, transferência de valores, inserção de novos dados, permitindo assim que sejam executados de forma automática e transparente.

A combinação entre a Blockchain e o desenvolvimento de contratos inteligentes através do Python expande o poder da rede e possibilita sua aplicação em contextos mais gerais, potencializando a proteção e segurança dos dados. 

Embora apresente um elevado nível de segurança, é importante mencionar que a abordagem simples do Python pode representar uma desvantagem ao uso dessa linguagem na tecnologia Blockchain. O teor minimalista pode desestimular o programador caso seu objetivo seja desenvolver uma rede robusta e complexa.   

Por fim, ressalta-se que o uso da tecnologia Blockchain tem se tornado cada vez mais popular em diferentes setores, não somente no âmbito do mercado financeiro, o qual ilustra sua proposta original de criação, mas também no segmento da saúde, da energia elétrica, no setor agrícola e na área farmacêutica, por exemplo.

A tecnologia tem apresentado impacto relevante e performance satisfatória em aplicações relacionadas à governança digital, gestão de imóveis e patrimônio, internet das coisas (IoT), registro de documentos oficiais e no armazenamento de dados da cadeia de produtos, serviços e insumos. Dessa forma, o Python tem sido empregado como uma linguagem de programação promissora e poderosa no aprimoramento e implementação de uma rede Blockchain altamente confiável, imutável e única. Em combinação com ferramentas de Big Data e Data Science, a estimativa é de que ocorra um novo cenário de análise de dados e armazenamento de informações em um futuro próximo. Para tanto, esse mercado aguarda o desenvolvimento e a maturação de plataformas alternativas à Ethereum, que permitam a utilização de mais linguagens e mais versatilidade.

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